Joana Araújo Espiñal
"Desde pequena que sei que existe um senhor com barbas branquinhas e fato vermelho, que voa num trenó puxado por renas e pára nas nossas chaminés para deixar prendinhas, mas à medida que fui crescendo tive muitas dúvidas e confirmações da existência deste senhor. A primeira vez que me surgiu uma dúvida foi quando ouvi falar nas prendas que o menino Jesus trazia… Mau! Alguma coisa não podia estar certa, mas afinal era o menino Jesus ou o pai Natal? Ou será que o Pai Natal era o menino Jesus, só que já estava velhinho? Para alguém que tinha 3 ou 4 anos eram dúvidas existenciais. Entretanto e com a paciência da mãe fiquei a perceber que o menino Jesus trazia as prendas que ficavam lá em casa e o Pai Natal as que ficavam em casa da avó; isso veio explicar porque é que recebia prendas em dois lados, achava que o pai natal ainda não tinha percebido bem o esquema das nossas festas e se enganava, mas essa história do menino Jesus explicava tudo…
No Natal seguinte, achei que escrever uma carta ao Pai Natal, não me dava provas absolutamente nenhumas de que ele existia e, como na escolinha, já tinha ouvido rumores de que podia não existir resolvi dizer à minha mãe que nesse ano queria fazer o meu pedido por telefone, queria falar mesmo com o Pai Natal e escrever a carta ao menino Jesus, assim recebia, na mesma, prendas dos dois. A minha mãe explicou-me que as linhas de telefone do pólo norte estavam sempre cheias de meninos a tentar ligar e que a melhor hora para não estar interrompido era a hora do jantar… Esperei o dia todo e ao jantar lá fiz o meu telefonema, sentada no sofá, com a minha voz mais afinada, falei com o Pai Natal ao telefone, que disse que ia fazer os possíveis por não se esquecer de nada e que contava encontrar-me no natal em casa da minha avó e assim passou mais um Natal.
O ano seguinte foi o pior, a escola primária e os outros meninos a tentarem convencer-me de que o Pai Natal não existia, mesmo que eu lhes dissesse que tinha falado com ele ao telefone e explicado que não era a voz de mais ninguém a não ser o Pai Natal, ninguém parecia acreditar em mim, e às vezes até eu quase deixava de acreditar, e nesse ano a mãe teve uma ideia para provar que o Pai Natal existia, íamos escrever uma carta ao Pai Natal e outra ao menino Jesus e pedir-lhes para mudar o sitio onde deixavam as prendas, o Pai Natal deixava em casa, o menino Jesus levava as prendas para a casa da minha avó e depois fazíamos uma armadilha ao Pai Natal, para vermos se existia. E assim foi, na Noite de Natal antes de sairmos para casa da avó, a mãe comprou um bolo-rei e deixou em cima da mesa com um copo de leite, e disse-me: “O Pai Natal é tão guloso que não vai resistir a tirar uma fatia e beber o leite”… Nesse Natal eu já nem pensava nas prendas, só queria chegar a casa e ver se o Pai Natal tinha comido a fatia do bolo-rei. E qual não foi o meu espanto quando ao chegar a casa me deparo, não só com a falta de uma fatia no bolo-rei, o copo do leite a meio e um bilhete que dizia: “Obrigado, o bolo era delicioso e o leite estava morninho de estar ao pé da lareira, vou ter muito mais força para o resto da noite.” Só isto já me deixava contente, mas o que me convenceu mesmo, mesmo, mesmo que o Pai Natal lá tinha estado era um rasto de açúcar que ia da mesa até à lareira onde se viam as pegadas do Pai Natal… Desta vez tinha a certeza e não havia ninguém que me pudesse dizer que o Pai Natal não existia, na escola consegui mesmo convencer alguns colegas de que era verdade. E assim foram-se passando os Natais, aos poucos fui tentada a deixar de acreditar que o Pai Natal existia, fui crescendo e o imaginário do Pai Natal foi crescendo comigo, sabia que alguém se vestia de Pai Natal lá em casa, depois eu própria comecei a vestir-me de Pai Natal, para os mais pequeninos da família, comecei a fazer pegadas de açúcar e a comer uma fatia de bolo-rei a correr antes de sairmos de casa para os meus irmãos, e assim o Pai Natal começou a desaparecer. Hoje sou adulta e na maioria dos dias acho que o Pai Natal não existe, não sei muito bem como deixei de acreditar nele, mas quando muitas vezes na noite de natal sou eu a mãe que combina com um amigo telefonar-lhe a determinada hora para ele fazer de pai natal, sinto que no fundo o Pai Natal existe mesmo e está dentro de cada um, é uma criatividade especial que aparece um mês por ano e nos faz fazer coisas extraordinárias para convencer os mais novos de que vale a pena sonhar!"
José Ricardo Teixeira de Sousa
"Tinha 8 anos e lembro certo dia antes do Natal, perguntei ao meu primo: “ O que pediste ao Pai Natal este ano?”. Ele soltou uma gargalhada e disse: “O Pai Natal não existe, a minha mãe disse-me que não existe, quem põe os presentes no Pinheiro de Natal é o meu pai e a minha mãe.”Nem respirei, e defendi logo: “O Pai Natal existe. Pelo menos na minha casa é ele quem trás as prendas”. Depois de tanta existência de um lado e de outro desatamos numa briga sem vencedor e acabamos por deixar o assunto por ali. Pensava eu, como poderia ele pensar tal coisa do Pai Natal?Nesse mesmo ano a minha mãe levou-me com ela as tradicionais compras de natal. Ela sempre comprava os brinquedos que pedia ao Pai Natal a minha frente e dos meus irmãos e dizia que eram para uma senhora que lhe pediu para comprar. E claro, sempre acreditava. Mas nesse ano tudo ficava mais claro. Numa loja de brinquedos a minha mãe chamou a parte dos meus irmãos e contou-me o segredo. Sim esse mesmo. Com todas as palavras ela disse: “ O Pai Natal não existe, sou eu quem compra as prendas e põe no Pinheiro de Natal, mas por favor não digas nada aos teus irmãos.”Comecei a lembrar na briga com o meu primo e vi que afinal ele tinha acabado como vencedor."
Cláudia Isabel Rodrigues Dias Louro
"Eu sempre soube, desde bem pequenina, que o Pai Natal não existe até que descobri que, afinal, ele existe sim. Foi o meu filho quem me fez descobrir aquilo que todos dizem não ser verdade. O Pai Natal existe, sim. Existe no coraçãozinho das crianças, existe na imaginação dos adultos e existe, principalmente, no coração daqueles que fazem o bem. Se procurarmos bem, existe dentro de cada um de nós. É só procurar e lá está ele...pronto a fazer crescer sorrisos. É só acreditar...é só procurar...é só sonhar...E será que alguém pode afirmar que os sonhos não são reais?? Procurem-no e surpreender-se-ão.
Feliz Natal"
André Filipe Rodrigues Soares
"Quando eu era miúdo acreditava que o Pai Natal era o meu pai. Na escola ainda cheguei a contar a alguns colegas. O meu pai é médico de profissão e em alguns Natais tinha de fazer banco e ausentar-se, levando-me a pensar que andava a distribuir presentes. Fisicamente também tem algumas semelhanças, tem alguma barriga, é grisalho desde que o conheço e tem olhos claros. Recordo-me que tudo começou quando um dia o apanhei a mascarar-se, e embora ele não me tenha visto, pensei que tinha descoberto o seu segredo. Quando os outros miúdos diziam que o pai natal não ia a suas casas eu sabia que era porque ele nesse ano tinha ficado em casa comigo! Só muito mais tarde me apercebi que era tudo um mal entendido. "
Após a publicação dos resultados, os vencedores terão uma semana para enviar um mail (passatempo.gravidez@gmail.com) com o seu endereço completo - para o envio do livro - reclamando o prémio. Após a semana, os prémios que não forem reclamados serão novamente distribuidos numa segunda lista de vencedores do passatempo.
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